Brasil: contando San Pablo, la ciudad más grande de la región

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A novela é mais real que o jornalismo

Paraisópolis, a novela, nasce em cenário de cartão-postal às avessas – vergonha de uma metrópole que exprime, no enquadramento de uma imagem fortuita, o escândalo estrepitoso da desigualdade social.  O contraste é manjado, mil vezes fotografado, eventualmente dissimulado, mas é curioso que a discrepância brutal entre a maior favela de São Paulo e seus vizinhos naqueles prédios de varandas em espiral do Morumbi tenha encontrado abrigo na grade da Globo, em horário de razoável prestígio.

Cabe à dupla Alcides Nogueira e Mario Teixeira ir além da fachada, do mero display paisagístico, recheando de vida e de situações, de amores e de frustrações, o conflito efetivamente instalado. É um desafio e tanto, já que a simples menção à Globo pode se prestar a mal-entendido, à suspeita de que a verdade dos fatos há de ser de alguma forma desvirtuada. 

É uma tremenda injustiça. A teledramaturgia da Globo não é o Jornal Nacional, pauta-se pela tensão da narrativa e não pela ansiedade da manipulação. Tem linguagem própria e, para o historiador do futuro, as novelas da Globo vão fornecer um retrato tão mais veraz e amplo do Brasil do que todo aquele trololó vazio e mal-intencionado a que o Ali Kamel e oWilliam Bonner chamam de notícia.  

Sem perder o direito à ficção e sem sucumbir ao realismo, a novela das 7 optou pela verossimilhança, a ponto de escalar como protagonista uma Bruna Marquezine com cara de moça normal – ainda que possa ocorrer a lembrança daquele acesso de anormalidade dela, que foi namorar aquele Neymar.

Carta Capital

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