Digitalizan el archivo de Chichico Alkmin

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Pertencente a uma geração de fotógrafos retratistas das primeiras décadas do século XX, o mineiro Chichico Alkmim (1886-1978) tinha um estúdio concorrido em Diamantina. Foi nele que registrou os moradores (e através deles, os costumes) da cidade do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, importante centro de extração de diamantes no Brasil dos séculos XVII e XVIII. Os cidadãos de classe média e da elite do antigo arraial do Tijuco fizeram com que, no fim da vida, Chichico tivesse acumulado um acervo de 5 mil chapas de vidro. Um material precioso, que acaba de chegar ao Instituto Moreira Salles, no Rio, através de um contrato de comodato.

O acordo feito entre o IMS e a família de Francisco Augusto Alkmim, nome de batismo do fotógrafo, prevê que o acervo fique depositado no instituto por dez anos, com possibilidade de renovação. Ele será catalogado, digitalizado e disponibilizado para consulta. A família vinha há muitos anos cuidando do acervo, preocupando-se em preservá-lo e difundi-lo, através de um livro (“O olhar eterno de Chichico Alkmim”, de 2005) e de exposições como “Paisagens humanas — Paisagens urbanas”, realizada em 2013 no Memorial Minas Gerais Vale. Mas, segundo Sergio Burgi, coordenador de fotografia do IMS, nunca haviam conseguido se estruturar de forma mais institucional.

A partir da política trabalhista implementada pelo governo Getúlio Vargas, Chichiko ganhou um novo público em seu estúdio: trabalhadores em busca de fotografias para a carteira de trabalho. É por isso que, apesar de o acervo ser constituído de 5 mil chapas de vidro, são nove mil as fotografias. Nessa nova fase, ele aproveitou a mesma chapa para fazer várias fotos tipo 3×4.

O IMS tem hoje cerca de 40 acervos de fotografia, sendo que metade deles são obras completas, de nomes como Marc Ferrez, Marcel Gautherot e José Medeiros. Burgi diz que o IMS pretende fazer um “projeto de fôlego” com as fotografias de Chichico, mas isso, diz ele, vai demandar uma leitura multidisciplinar que exige tempo. Das cerca de 9 mil fotografias que ele considera haver no acervo, só 200, aproximadamente, são conhecidas, através do livro e de exposições.

Publicado en O Globo

 

 

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