#NaoVaTerGolpe

Brasília - DF, 31/03/2016. Presidenta Dilma Rousseff durante encontro com artistas e intelectuais em defesa da democracia Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
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Por Pablo Gentili *

Dilma Rousseff sonreía y se emocionaba con cada discurso. Aplaudía cada declaración con entusiasmo y abrazaba a quienes leían los manifiestos de apoyo. Cuando comenzó su intervención de agradecimiento, fue interrumpida por el canto que unifica a todos los movimientos y partidos que hoy en Brasil se movilizan por la democracia: “Nâo vai ter golpe. Vai ter luta”. No habrá golpe. Habrá lucha. Su rostro brilló conmovido cuando recordó que se estaban cumpliendo 52 años del golpe militar de 1964. Dijo que el desafío continuaba siendo luchar por la justicia social, por la inclusión y por los derechos históricamente negados a los más pobres.

Así fue ayer la ceremonia realizada en el Palacio del Planalto, la Casa Rosada de Brasil, en que la presidenta jaqueada por el riesgo de juicio político recibió a intelectuales, artistas y personalidades de la cultura que se movilizan en la defensa del estado de derecho y de la democracia en todo el país.

La mandataria brasilera recogió muestras de apoyo a su gobierno por parte de organizaciones científicas, académicas y movimientos de derechos humanos. Como secretario ejecutivo del Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales, CLACSO, estuve presente y compartí la solidaridad con el Grupo Tortura Nunca Más; la Asociación Brasilera de Ciencia Política, la de Antropología, la de Psicología y entidades docentes de diversas universidades públicas; el Foro 21, un espacio de articulación de intelectuales y luchadores sociales; asociaciones de periodistas, de artistas, directores de teatro y de cine, así como de algunas de las más destacadas figuras de la música popular brasilera. Hablaron la cantante Beth Carvalho, la actriz Leticia Sabatella y la cineasta Anna Muylaert, directora de uno de los filmes que mejor retrata las transformacione s democráticas del Brasil en esta última década, ¿A qué hora ella vuelve? La prestigiosa economista Maria da Conceiçao Tavares y el actor norteamericano Danny Glover, entre otros, grabaron mensajes especiales para el acto.

Rita Segato, reconocida dirigente feminista y profesora de la Universidad de Brasilia, fue la encargada de entregar a Dilma Rousseff la declaración de solidaridad del Comité Directivo y de la Secretaría Ejecutiva de Clacso. En ella, las más de 500 instituciones que componen el Consejo en 40 países del mundo, expresan su apoyo al estado de derecho y su rechazo al golpe en Brasil.

La declaración observa que, “en Brasil, los principios que deben guiar el ejercicio de la justicia en una democracia republicana han sido maculados por recursos arbitrarios y selectivos producto de discrecionales actos de la autoridad judicial, los que se expresan en filtraciones periodísticas y operaciones policiales divulgadas por algunos medios de comunicación como despreciable recurso de linchamiento mediático, creando factoides políticos dirigidos exclusivamente al Partido de los Trabajadores y al gobierno de la presidenta Dilma Rousseff”.

Destaca también que, “la presidenta de la república ha sido atacada con acciones judiciales arbitrarias y acuerdos políticos revanchistas, que sólo buscan, por los medios y las formas que sean posibles, impedir que concluya el mandato que le fuera investido por el pueblo brasileño”.

La declaración de Clacso alerta que “nuestras democracias, duramente conquistadas gracias a la movilización y las luchas populares, no pueden subordinarse a intereses autoritarios que surgen y se perpetran a la sombra de un creciente fascismo social”. Concluye realizando un llamado a la solidaridad internacional, observando que “el riesgo de ruptura de la legalidad y la institucionalidad democrática por una asociación entre políticos derrotados en las últimas elecciones, sectores del Poder Judicial y los grupos monopólicos que controlan la prensa nacional, no pueden comprometer el futuro de Brasil”.

El objetivo, dentro y fuera de Brasil, es evitar un nuevo golpe a la democracia en América Latina.

* Secretario Ejecutivo de Clacso.

Beth Carvalho defende democracia e manda recado: ‘Vai ter luta’

“Eu e todo mundo que está aqui, estamos por amor à democracia, amor ao Brasil”. Foi assim que a sambista Beth Carvalho marcou sua presença no Encontro de Artistas e Intelectuais em Defesa da Democracia, nesta quinta-feira (31) no Palácio do Planalto. A cantora ressaltou seu enorme respeito pela presidenta Dilma Rousseff, a quem chamou de “mulher guerreira”.

“Só podia ser uma guerreira para aguentar tanta injustiça que está acontecendo contra ela. Mais uma vez eu falo e o povo fala: ‘Não vai ter golpe. Vai ter luta’.”

Também presente no encontro, o ator Osmar Prado apontou que este ato não é em defesa do governo, como “provavelmente vai dizer” a imprensa. “Eu vim aqui como cidadão e artista defender a governabilidade do atual governo que foi eleito com 54 milhões de votos. Quer gostemos ou não, não interessa, ela é presidente do País, ela tem que governar. E o que é mais tenebroso é o acatamento do impeachment por um presidente da Câmara que é réu”.

E o que está em jogo, alertou o ator, é a continuidade do modelo de governo inclusivo que Dilma e Lula estabeleceram no Brasil.

“É evidente que se você tem duas gestões de um governo que pretende aproveitar do nosso processo democrático para diminuir a distância entre abastados e excluídos – dar as condições para que as pessoas possam ter três refeições, que seus filhos possam estudar –, evidentemente que isso é intolerável para quem sempre se aproveitou do nosso País para o corporativismo, não pensava o Brasil como o todo”.

Publicado en Planalto

Dilma recebe no Planalto apoio de artistas contrários ao impeachment

A presidente Dilma Rousseff recebeu nesta quinta-feira (31), em cerimônia no Palácio do Planalto, uma manifestação de apoio de artistas e intelectuais contrários ao processo de impeachment do qual ela é alvo no Congresso Nacional.

Entre as celebridades que participaram do ato estão a cantora Beth Carvalho, os atores Letícia Sabatella, Osmar Prado e Sérgio Mamberti, o escritor Fernando Morais e a cineasta Anna Muylaert, diretora do filme «Que horas ela volta?».

Convidada a discursar no evento, Letícia Sabatella disse, sob os olhares de Dilma, que, atualmente, faz oposição ao governo petista, mas fez questão de ir ao ato em defesa da presidente porque, na opinião dela, há em curso um «plano maquiavélico de tomada de poder na marra» por parte de partidos oposicionistas.

«Eu sou oposição ao seu governo, presidenta Dilma. Mas eu tenho um contentamento em poder dizer isso na sua frente porque vivo num estado que se pretende utopicamente, em exercício neste momento, ser um estado democrático. Ou seja, preservando a liberdade», declarou a atriz.

Na sequência, o cerimonial do Planalto exibiu em telão um vídeo gravado pelo ator norte-americano Danny Glover, famoso por sua atuação na franquia «Máquina Mortífera».

Reconhecido internacionalmente por sua militância social, Glover afirmou na gravação que Dilma não está sozinha na «luta» contra o impeachment, que é uma luta pela «democracia, pela paz e pela justiça».

«Estamos com você e estamos declarando: não vai ter golpe», destacou o ator norte-americano no encerramento do vídeo, falando em português.

Agradecimento

Ao discursar, a presidente da República, inicialmente, agradeceu as manifestações de apoio e os manifestos entregues a ela contrários ao impeachment. Em sua fala, Dilma destacou o fato de que, entre os artistas e intelectuais que estavam presentes no evento, muitos têm posições contrárias ao governo e outros sequer votaram nela.

«Todos aqui têm distintas filiações partidárias, muitos deles não as têm e outros têm inclusive posições contrárias ao governo. Muitos nem mesmo votaram em mim, não integram os 54 milhões que votaram. Isso não tem a menor importância. A importância é que todos votaram nas eleições, participaram do processo democrático», disse a presidente, sendo aplaudida de pé pelos convidados, que começaram a entoar o grito de ordem «Não vai ter golpe, vai ter luta».

Pedaladas fiscais’
Durante o discurso, Dilma disse que todos seus antecessores na Presidência da República fizeram «pedaladas fiscais», manobra contábil que é um dos crimes atribuídos a ela no processo de impeachment que tramita no Congresso Nacional.

A presidente disse que as «pedaladas» foram necessárias para dar continuidade ao pagamento de programas sociais como, por exemplo, o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida.

«Meu impeachment baseado nisso [pedaladas fiscais] significaria que todos os governos anteriores ao meu teriam de ter sofrido impeachment porque todos eles, sem exceção, praticaram atos iguais ao que eu pratiquei. E sempre com respaldo legal», afirmou a presidente.

‘Compromisso com a democracia’
Artista com laços históricos com o PT, Beth Carvalho ressaltou em seu discurso que tem «compromisso» com a democracia «de longa data».

A intérprete de samba disse aos convidados e à presidente da República que conhece e admira o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ela, os avanços sociais dos últimos anos estão «seriamente ameaçados» e, por isso, a classe artística precisa se levantar e cumprir seu papel na defesa da democracia e da legalidade.

«E vai ter luta», enfatizou.

O cantor e compositor de rap Flávio Renegado afirmou que o encontro desta quinta serviu para defender que as vozes «da comunidade e do povo do gueto» sejam ouvidas. «O rap está aqui para defender isso: vida longa à periferia, e não vai ter golpe.»

Em outro vídeo exibido na solenidade, o cantor Tico Santa Cruz, da banda Detonautas, afirmou que «qualquer pessoa com um pingo de sensibilidade», concordando ou não com o governo petista, percebe que está em curso «uma grande injustiça». Ele acrescentou ser «evidente» o «atentado político» contra o estado democrático.

‘Farsa’
O diretor teatral Aderbal Freire Filho criticou o que ele classificou de «farsa» usada na política e, sem citar nomes, disse que há personagens «ridículos, fanfarrões e emperrados até o pescoço em corrupção» que estão capitaneando o processo de impeachment da presidente.

«Quando a imprensa usa esses personagens, há a farsa do impeachment. Esta é a farsa. E há outros gêneros teatrais neste momento político. Estamos assistindo a uma comédia, que podia se chamar ‘Os virtuosos ridículos'», ironizou Freire Filho, sob aplausos da plateia.

Em seguida, o diretor teatral criticou a imprensa por, segundo ele, «manipular» a população e usar a sociedade como «marionetes».

Após a fala de Freire Filho, a plateia entoou gritos de apoio à presidente da República, contra o impeachment e com críticas à TV Globo, afirmando que a emissora apoiou a ditadura militar (1964-1985).

A manifestação de apoio de parte da classe artística ocorre na semana em que a petista viu seu principal aliado, o PMDB, deixar oficialmente a base aliada e exigir que seus filiados se desliguem de seus cargos no governo federal. Desde então, Dilma passou a intensificar as conversas com outros partidos aliados para tentar evitar uma debandada da base governista.

Na semana passada, Dilma reuniu no Planalto juristas, advogados, defensores públicos e promotores contrários ao impeachment. No ato, ela recebeu cerca de 30 manifestos de apoio ao governo e juristas também classificaram de “golpe” o processo de impeachment em tramitação no Congresso Nacional.

Publicado en Globo
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