El escritor brasileño Raduan Nassar recibió el Prêmio Camões

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asileiro Raduan Nassar foi anunciado nesta segunda-feira como vencedor do Prêmio Camões 2016. O escritor de 80 anos foi escolhido por unanimidade e se tornou o 12º brasileiro a receber o prêmio, considerado o mais importante da língua portuguesa, e receberá 100 mil euros. O anúncio foi feito na tarde desta segunda-feira, em Lisboa, por Miguel Honrado, secretário de Estado de Cultura de Portugal. Os jurados destacaram «a extraordinária qualidade da sua linguagem» e a «força poética da sua prosa».

Fizeram parte do júri deste ano a professora e ensaísta portuguesa Paula Morão, o poeta Pedro Mexia, os professores e críticos brasileiros Flora Süssekind e Sérgio Alcides do Amaral, o escritor moçambicano Lourenço do Rosário, que também é reitor da Universidade Politécnica de Maputo, e a ensaísta são-tomense Inocência Mata, radicada em Macau.

O prêmio foi criado em 1988 pelos governos de Portugal e do Brasil para premiar um «autor de língua portuguesa que tenha contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural da língua comum». A cada ano, o Camões é entregue num dos dois países.

PRODUÇÃO CURTA

Nassar publicou seu primeiro romance, «Lavoura arcaica» (Companhia das Letras), em 1975. Três anos depois, lançou «Um copo de cólera» (Companhia das Letras). As duas obras o transformaram num dos principais nomes da literatura brasileira.

Contudo, quando vivia o auge do seu sucesso, no começo da década de 1980, o escritor decidiu abandonar a literatura e passou a se dedicar à agricultura numa fazenda entre os municípios de Buri e Campina do Monte Alegre, no sul do estado de São Paulo.

Após uma carreira bem-sucedida como fazendeiro, ele doou sua propriedade para a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) em 2013. Seu último livro publicado foi «Menina a caminho», de 1994, uma reunião de contos escritos no início dos anos 1960.

Apesar do reconhecimento de público e crítica no Brasil, só em janeiro deste ano saíram suas primeiras traduções para o inglês. A Penguin britânica lançou simultaneamente «Lavoura arcaica» e «Um copo de cólera», ambos recebidos com críticas elogiosas.

«Um copo de cólera» foi, inclusive, semi-finalista do Man Booker International de ficção, um dos principais prêmios da literatura mundial. Sobre o livro, Nicholas Lezard, crítico literário do «Guardian», escreveu: «Se este país (Inglaterra) fosse maduro o suficiente para ter um prêmio literário chamado Bom Sexo, esse explosivo conto erótico do modernista autor brasileiro seria um forte concorrente».

Seus dois romances também foram adaptados para o cinema. «Um copo de cólera» foi adaptado por Aluizio Abranches, em 1999. Já «Lavoura arcaica» foi dirigido por Luiz Fernando Carvalho e lançado em 2001.

OS LIVROS:

“Lavoura Arcaica” (1975)

Primeiro romance do autor, chamou a atenção pela forma elaborada de narrar a vida de André, um jovem que foge de uma sufocante vida rural, e suas delicadas e traumáticas relações familiares. Venceu vários prêmios. E virou filme em 2001, com Selton Mello e Simone Spoladore, sob a direção de Luiz Fernando Carvalho.

“Um copo de cólera” (1978)

Escrito oito anos antes de ser publicado, o livro conta os encontros e desencontros de um homem e sua parceira. Em 1999, foi adaptado para o cinema por Aluizio Abranches. Só traduzida recentemente para o inglês, a obra foi uma das semifinalistas do Man Booker International Prize neste ano.

“Menina a caminho e outros textos” (1997)

A obra reúne cinco contos do autor. “Menina a caminho” foi escrito no início dos anos 1960. Já “Hoje de madrugada”, “Ventre seco” e “Aí pelas três da tarde” são da década de 1970. O único inédito é “Mãozinhas de seda”, de 1996. Vencedor do Prêmio Jabuti em 1998 na categoria Contos e Crônicas.

Publicado en O Globo

Raduan Nassar é o vencedor do Prémio Camões

O Prémio Camões 2016 foi esta segunda-feira atribuído por unanimidade ao escritor Raduan Nassar, de 80 anos, o 12.º brasileiro a receber aquele que é considerado o mais importante prémio literário destinado a autores de língua portuguesa. O júri sublinhou «a extraordinária qualidade da sua linguagem» e a «força poética da sua prosa».

«Através da ficção, o autor revela, no universo da sua obra, a complexidade das relações humanas em planos dificilmente acessíveis a outros modos do discurso», justificou o júri, acrescentando que «muitas vezes essa revelação é agreste e incómoda, e não é raro que aborde temas considerados tabu». O júri realçou ainda «o uso rigoroso de uma linguagem cuja plasticidade se imprime em diferentes registos discursivos verificáveis numa obra que privilegia a densidade acima da extensão».

Com apenas três livros publicados – os romances Lavoura Arcaica (1975) eUm Copo de Cólera (1978) e o livro de contos Menina a Caminho (1994) –, a exiguidade da obra não impede que Raduan Nassar seja há muito considerado pela crítica um dos grandes nomes da literatura brasileira, ao nível de um Guimarães Rosa ou de uma Clarice Lispector.

Se a singularidade de Nassar lhe garantiu desde cedo um círculo de admiradores fiéis, e se os seus romances alcançaram algum sucesso internacional já na primeira metade dos anos 80, quando foram traduzidos para francês, espanhol e alemão, a popularidade da sua obra aumentou significativamente com a adaptação cinematográfica de Um Copo de Cólera, em 1999, numa realização de Aluizio Abranches, e de Lavoura Arcaica, em 2001, num filme de Luiz Fernando Carvalho.

Já este ano, Raduar Nassar foi um dos 13 escritores escolhidos para a longlistdo Man Booker International Prize, com a tradução inglesa de Um Copo de Cólera, mas não chegou à lista de seis finalistas, que incluiu o angolano José Eduardo Agualusa.

Em Portugal, Raduan Nassar só começou a ser publicado em 1998, quandoUm Copo de Cólera saiu na Relógio D’Água, que logo no ano seguinte editou também Lavoura Arcaica. No ano 2000, a Cotovia publicou Menina a Caminho e outros Contos.

Mas se a sua obra só chegou no final dos anos 90, o escritor visitou Portugal pouco após o 25 de Abril. Almeida Faria contou a história em 2014, na Festa Literária Internacional de Paraty. Corria o conturbado ano de 1975, quando o romancista português ouviu tocar a campainha da sua casa de Lisboa. À porta estava um jovem casal desconhecido. Perguntaram se podiam entrar e ele apresentou-se como escritor brasileiro. Trazia na mão um livro, Lavoura Arcaica, e disse ao escritor português: “Este meu livro saiu agora no Brasil, e como eu acho que ele deve muito ao seu livro A Paixão, quis vir oferecer-lhe o livro pessoalmente”. Faria e Nassar tornaram-se amigos desde então.

Nassar é conhecido pela extrema raridade das suas aparições públicas, o que veio conferir um peso particular à sua presença, junto de Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto em Brasília, a 31 de Março, num Encontro com Artistas e Intelectuais em Defesa da Democracia. «Os que tentam promover a saída de Dilma arrogam-se hoje, sem pudor, como detentores da ética mas serão execrados amanhã», afirmou então, citado pela Folha de S. Paulo. Embora o reconhecimento da qualidade do autor seja francamente consensual, esta sua recente intervenção vem também dar à sua escolha para o prémio Camões deste ano uma inevitável dimensão política.

Com um valor pecuniário de cem mil euros, o prémio foi anunciado ao fim da tarde no Hotel Tivoli pelo secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado, após a reunião do júri, que este ano incluiu a professora e ensaísta Paula Morão e o poeta e colunista Pedro Mexia, os professores universitários, críticos e escritores brasileiros Flora Süssekind e Sérgio Alcides do Amaral, e ainda o autor moçambicano Lourenço do Rosário, reitor da Universidade Politécnica de Maputo, e a ensaísta são-tomense Inocência Mata, actualmente radicada em Macau.

Um lado secreto

Raduan Nassar foi informado de que lhe tinha sito atribuído o prémio no valor de cem mil euros por Miguel Honrado. Ao telefone, ter-se-á mostrado “surpreendido e satisfeito”, contou ao PÚBLICO o presidente do júri, Sérgio Alcides do Amaral. “Ele é muito recluso, mas uma pessoa simples. Não é recluso por arrogância. Espero que possa ter um público maior agora”, sublinhou.

Publicado en Público

Lula y Rousseff felicitan a Raduan Nassar, vencedor del Premio Camoes 2016

La presidenta suspendida de Brasil, Dilma Rousseff, y el exmandatario Luiz Inácio Lula da Silva felicitaron hoy al escritor Raduan Nassar por su elección como vencedor en la edición de este año del Premio Camoes, la máxima distinción para los autores de lengua portuguesa.

«Es más que merecido que su nombre aparezca al lado de otros grandes escritores de nuestro país que también ganaron el premio», afirmó el exmandatario en un comunicado divulgado este lunes por el Instituto Lula al referirse al galardón que le fue concedido al escritor de 80 años y autor de las elogiadas novelas «Lavoura arcaica» (1975) y «Um copo de cólera» (1978).

«Felicitaciones, Raduan Nassar, y un fuerte abrazo», dijo por su parte en un mensaje en Twitter Rousseff, sucesora y ahijada política de Lula que fue suspendida del cargo el 12 de mayo mientras el Senado la somete a un juicio político destituyente por supuestamente haber maquillado los balances de las cuentas públicas.

La designación de Nassar como el vencedor del Premio Camoes en 2016 fue anunciada hoy en Lisboa por el secretario de Cultura de Portugal, Miguel Honrado.

El anuncio, según la prensa brasileña, sorprendió al propio escritor, que se retiró de la literatura hace varias décadas para vivir como agricultor en una hacienda en el interior del estado de Sao Paulo, que posteriormente donó al Gobierno.

Las dos únicas novelas que escribió antes de retirarse en la década de 1980, que han sido llevadas al cine por diferentes directores, lo convirtieron en uno de los principales representantes de la literatura brasileña.

Su último libro publicado fue «Menina a caminho» (1994), que reúne cuentos escritos tres décadas antes.

Este año Nassar también fue finalista del premio Man Booker Prize, que finalmente fue adjudicado a la surcoreana Han Kang, luego de que sus dos novelas fueran traducidas al inglés en 2015.

En medio de la actual crisis política del país y del proceso que convirtió al vicepresidente Michel Temer en presidente interino de Brasil, que los defensores de Rousseff consideran como un «golpe», Lula se refirió a Nassar como «un firme defensor de la democracia y del respeto al Estado de derecho».

Agregó que siempre le agradecerá al escritor por haber donado en 2012 su hacienda para que fuera sede de un nuevo campus de la Universidad Federal de Sao Carlos, lo que describió como «un acto de generosidad para con todo el pueblo brasileño».

Nassar es el duodécimo escritor brasileño en recibir el Premio Camoes, con lo que Brasil pasa a superar a Portugal (11) en número de premiados con la distinción.

El primer brasileño que lo obtuvo fue el poeta Joao Cabral de Melo Neto (1990), a quien siguieron Rachel de Queiroz (1993), Jorge Amado (1994), António Cândido (1998), Autran Dourado (2000), Rubem Fonseca (2003), Lygia Fagundes Telles (2005), João Ubaldo Ribeiro (2008), Ferreira Gullar (2010), Dalton Trevisan (2012) y Alberto da Costa e Silva (2014).

Entre los once portugueses premiados destacan José Saramago (1995) y António Lobo Antunes (2007).

El premio fue creado en 1988 por los Gobiernos de Portugal y de Brasil para reconocer a los autores de «lengua portuguesa que hayan contribuido al enriquecimiento del patrimonio literario y cultural de la lengua común».

Publicado en El Diario
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