Los números de la cultura

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O cardápio cultural do brasileiro

Por Jotabé

A perspectiva é a do consumo, mas a pesquisa Cultura nas Capitais – Como 33 Milhões de Brasileiros Consomem Diversão e Arte acaba por revelar também as tendências da exclusão, o que a torna interessante para a postulação de políticas públicas na área cultural.

Coordenada por João Leiva e Ricardo Meirelles, com produção da J.Leiva Cultura & Esporte, a pesquisa foi empreendida pelo Datafolha, que fez mais de 10 mil entrevistas em 12 capitais do País, entre 14 de junho e 27 de julho de 2017, para chegar aos resultados.

Para além das conclusões que reafirmam os clichês (a maioria prefere ver tevê e navegar na internet, apenas um terço da população já foi a um museu e 66% das pessoas nunca foram a um concerto), há informações preciosas para o setor. Por exemplo, 46% da população foi a algum show de música no último ano, o que configura a apresentação ao vivo como o grande reduto da sobrevivência dos músicos, embora não conte com qualquer tipo de programa de apoio do Estado.

Além do mais, a música é a atividade cultural mais praticada pela população (7% já disseram tocar algum instrumento ou cantar, e 29% tiveram experiência musical no passado). Outro ponto forte são as festas populares, frequentadas por 42% no ano passado (São Luís do Maranhão é a capital com maior frequência às festas).

Belo Horizonte tem melhores índices para museus, teatros e concertos de música clássica. O mapa da exclusão é intimamente ligado à escolaridade: pessoas com nível fundamental são as que menos usufruem de espetáculos de cultura, e aquelas com nível superior são as que mais leem e vão ao teatro, concertos e museus (55%).

A renda tem ainda maior impacto no acesso: o porcentual é quase sempre superior a 40% dos que não foram a nenhuma atividade no ano passado. Mas há outras ferramentas de exclusão. As mulheres têm maior interesse por cultura, mas o acesso é inferior ao dos homens – essa diferença de acesso entre homens e mulheres diminui conforme aumenta a escolaridade.

O acesso a cinema, museus e teatros é maior entre brancos; a shows de música e espetáculos de dança, entre pretos; e a maioria da população (55%) apoia políticas de valorização da cultura dos povos afrodescendentes e indígenas.

Nos escaninhos das preferências, gospel, samba, pagode e rap têm mais força entre os pretos; sertanejo, MPB e rock, entre os brancos. “O gospel lidera entre os negros (24%) – são 9 pontos porcentuais acima das citações dos brancos (15%). É tendência que acompanha o avanço dos cultos evangélicos e neopentecostais em periferias, favelas e subúrbios das grandes cidades.

Nessas áreas, que concentram população negra, as igrejas são espaços de fé, mas também de relações comunitárias e atividades culturais, quase sempre gratuitas”, diz o estudo.

Carta Capital

 

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