La Prefectura de Río suspende exposición con Virgen trans

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Decisão foi tomada após pressão de deputados do PSL, incomodados com a representação da Virgem Maria como trans

A Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria Municipal de Cultura (SMC), determinou na sexta-feira 28 a suspensão da exposição “Todxs xs santxs – renomeado – #eunãosoudespesa”, até então em cartaz no Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica, na capital fluminense. A decisão foi tomada após pressão de deputados do PSL, incomodados com a representação da Virgem Maria como trans em uma das peças da exposição.

Na quinta-feira 27, o deputado estadual Márcio Gualberto e a deputada federal Chris Tonietto, ambos do PSL-RJ, registraram uma notícia-crime na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) contra a exposição e seu autor, o artista plástico Órion Lalli. Em nota, a SMC informou que “respeitará o processo legal e aguardará a decisão judicial” e que, portanto, manterá a suspensão durante a tramitação da notícia-crime.

Sobre a obra

O artista responsável pela obra agora proibida pela Prefeitura do Rio de Janeiro é o ator Órion Lalli, de 25 anos. O paulistano vive com HIV e resolveu criar obras que retratam o seu corpo soropositivo em encontro com outros corpos. No trabalho da Virgem Maria Trans, ele diz que não há nenhum interesse em atacar nenhuma religião ou a fé de qualquer pessoa.

O artista explica que seu trabalho gira em torno do HIV e de uma investigação histórica, que, para isso, precisou falar sobre sexo e sobre instituições que ditam o que é sexo há milhares de anos. “Até quando vamos falar de sexo pautado no conservadorismo por um erro de construção mitológica”, questiona Órion.

Desde que a obra foi anunciada, em 2019, o paulistano sofre ameaças de morte na internet, o que o obrigou a deixar o Brasil. De volta e novamente em evidência, Órion teme agora por sua segurança.

“Quem me protege do fanatismo religioso e político? Quem cuida dos meu direitos civis? Como posso andar na rua livremente sem medo, sabendo que posso ser morto por um fanatismo exacerbado? Como lido com isso estando no Brasil, sendo artista independente, gay assumido, ativista da causa LGBTQIA+ ? Só resta o medo”, conta Órion.

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