Los retratos de Evandro Teixeira

1.334

Se o clique de uma câmera fotográfica serve para congelar uma cena eternamente, Evandro Teixeira se converteu em um dos maiores especialistas em manejar o tempo atrás do instante decisivo. Ao longo de mais de meio século de carreira, o fotojornalista encontrou, em anônimos e famosos, metrópoles e pequenas vilas, material de sobra para tornar eterno. Ele reuniu 160 imagens marcantes no livro “Retratos do tempo” (Edições de Janeiro).

Conhecido por andar sempre com uma escada de alumínio a tiracolo, Teixeira procurava um ponto de vista mais amplo das situações. Do alto dos degraus, foram feitos registros das manifestações contra a ditadura e fotos da Copa do Mundo de 2014, todos incluídos no livro. Nesta segunda-feira, a partir das 19h, o autor autografará a obra na Livraria da Travessa do Shopping Leblon.

Nas 240 páginas do livro, estão o sorriso aberto de Chico Buarque durante um desfile da Mangueira na avenida e o olhar esperançoso de freiras baianas à espera do Papa João Paulo II. Carnaval, religião, futebol, tudo que apaixona o brasileiro mereceu a atenção das lentes do fotógrafo que completou 80 anos em 2015:

— A verdade é que eu não me incomodo em ser chamado de operário da fotografia. Trabalhei para mostrar a fotografia do Brasil. Nossa fotografia não deve nada a ninguém.

COTIDIANO DO POVO

Grandes personagens da história mundial também mereceram a atenção de Teixeira. O fotógrafo cobriu, de perto, a morte de Pablo Neruda no Chile de Pinochet, assim como fotografou a visita da princesa Diana ao país. Mas é com pessoas comuns que Teixeira prefere trabalhar.

— Eu gosto muito de flagrar o cotidiano do povo — afirma.

Os registros meticulosos de sertanejos nordestinos, feitos durante viagem à região de Canudos, às vésperas do centenário da revolta de Antônio Conselheiro, são prova disso. O baiano conta que mantém uma relação muito próxima com o lugar até hoje.

— Canudos é uma história importante da minha vida. Cresci ouvindo relatos. Quando estudante, pude ler “Os sertões”. Já jornalista, pude fazer o trabalho em homenagem aos 100 anos de Canudos. Acho que fui tarde, se fosse antes poderia encontrar mais velhinhos que testemunharam tudo. Eles me ensinaram muito da vida. O livro foi lançado em 1997. Desde então, volto religiosamente todo ano para lá.

Evandro explica que planeja um novo volume do livro, com fotografias que ficaram de fora e outras que ainda pretende fazer.. Algumas destas imagens, por sinal, podem ser vistas na exposição “Evandro Teixeira: A constituição do mundo”, em cartaz no Museu de Arte do Rio (MAR) até o dia 31 de janeiro.

Publicado en O Globo

 

También podría gustarte