La scola Beija Flor es la ganadora del Carnaval de Río

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Beija-Flor é a campeã do carnaval 2018 do Rio

A Beija-Flor de Nilópolis é a grande campeã do carnaval 2018 do Rio de Janeiro.

O G1 acompanhou ao vivo a apuração das notas, que aconteceu na tarde desta quarta-feira (14), diretamente da Marquês de Sapucaí. Veja aqui.

A escola fez um paralelo entre o romance «Frankenstein” e as mazelas sociais brasileiras. Corrupção, desigualdade, violência e intolerâncias de gênero, racial, religiosa e até esportiva formaram o cenário de «Brasil monstruoso».

A Beija-Flor tem agora 14 títulos no Grupo Especial do Rio, atrás apenas de Portela e Mangueira no total de vitórias.

Comandado por Neguinho da Beija-Flor, o samba-enredo “Monstro é aquele que não sabe amar (Os filhos abandonados da pátria que os pariu)” foi cantado em coro pelo público da Sapucaí, que ao final do desfile ocupou a avenida, seguindo a escola.

“A Sapucaí foi ovacionada pela alegria e emoção. A Beija-Flor fez as pessoas cantarem o samba pelo pedido de socorro. As imagens foram muito fortes, aquele teatro todo retratando o que o nosso país está passando. Foi um grito de socorro dentro de um samba-enredo“, disse Raíssa, madrinha de bateria da escola, ao G1.

Trajetória da Beija-Flor desde 2010 (Foto: Infografia: Betta Jaworski/G1)Trajetória da Beija-Flor desde 2010 (Foto: Infografia: Betta Jaworski/G1)

O desfile foi todo de metáforas de terror sobre o Brasil. A escola levou para a avenida a «ala dos roedores dos cofres públicos» e a dos «lobos em pele de cordeiro», em referência aos políticos. A corrupção na Petrobras foi lembrada em fantasias com barris de petróleo na cabeça e em um carro que retratava o edifício sede da empresa, atrás de um grande rato.

Violência, poluição, impostos excessivos, sistema de saúde ruim e crianças carentes também lembraram o «terror brasileiro».

As cantoras Pabllo Vittar e Jojo Todynho foram destaques do carro «O abandono», representando a luta contra a intolerância de gênero e a intolerância racial, respectivamente.

Esta não foi a primeira vez que a Beija-Flor apostou em um samba crítico. Em 1989, a escola levou para a Sapucaí um enredo sobre o lixo, com um «Cristo Mendigo» que saía de dentro de uma favela.

Após uma decisão judicial que proibiu sua exibição, o Cristo foi coberto por um saco preto e levou uma faixa com a frase “Mesmo proibido, olhai por nós”. O desfile, histórico, rendeu à escola de Nilópolis o vice-campeonato daquele ano.

Desfile das campeãs

Voltarão com a Beija-Flor ao sambódromo para o desfile das campeãs, no próximo sábado (17), as escolas Paraíso de Tuiuti, Salgueiro, Portela, Mangueira e Mocidade Independente de Padre Miguel.

Assim como a escola de Nilópolis, que levou sua crítica social para a avenida, a Paraíso de Tuiuti, que ficou com o segundo lugar, contou a história da escravidão no Brasil e condenou a reforma trabalhista aprovada recentemente. O destaque da Tuiuti ficou no último carro da escola, que levou um vampiro com uma faixa presidencial para a Marquês de Sapucaí.

A Mangueira não ficou atrás no quesito protesto, com um samba-enredo que ironizou a decisão da Prefeitura do Rio de cortar os recursos destinados às escolas de samba. Um dos carros representou o prefeito Marcelo Crivella como um boneco de Judas.

Apuração do Grupo Especial do Rio, quesito a quesito (Foto: Infografia: Igor Estrella/G1)

Publicado en O Globo

Assim o Carnaval 2018 recuperou o espírito crítico com a classe política no Brasil

A crise política brasileira não deu trégua neste Carnaval. Não apenas na rua, como era mais comum nos outros anos, mas também nos sambódromos do Rio e de São Paulo. As escolas de samba levaram para a avenida neste ano críticas sociais contundentes e muito diretas. O caso mais marcante foi o da Paraíso do Tuiuti, agremiação nascida no morro de mesmo nome, em São Cristovão, no Rio, que surpreendeu o público durante o desfile de domingo à noite e conseguiu enorme repercussão nas redes sociais. Com o samba enredo Meu Deus, Meu Deus, Está Extinta a Escravidão? a escola criticou as condições de trabalho no país e, de quebra, o atual Governo, responsável pela reforma trabalhista aprovada no ano passado.

Thiago Monteiro, diretor de Carnaval da escola, explica ao EL PAÍS que o enredo foi escolhido por concurso. “O objetivo era tratar da exploração do homem pelo homem. Não só da escravidão negreira, mas dessa exploração que se estende por séculos, passando pelos egípcios, celtas, romanos e que continua nos dias atuais. Fazer uma pessoa trabalhar uma jornada de 12 horas, como as costureiras, por um salário às vezes abaixo do mínimo e com direitos mitigados, é perpetuar esse sistema”, diz.

Se a comissão de frente da escola trouxe O grito da liberdade, mostrando escravos saídos da senzala açoitados, o último carro veio com um vampiro vestido com a faixa presidencial, que lembrava Michel Temer. Ele estava em cima do carro chamado neo tumbeiro, ou seja, um navio negreiro dos tempos atuais. Na avenida foram ouvidos gritos de «Fora, Temer», relatou o jornal O Globo. Entre o último e o primeiro carro, o desfile de 29 alas e 3.100 componentes ainda trouxe os manifestoches, integrantes vestidos de verde e amarelo, cor que marcou os protestos a favor do impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, sendo manipulados por uma mão invisível e encaixados em patos amarelos, símbolo das reclamações contra o antigo Governo feitas pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP). Eles carregavam nas mãos panelas, outro símbolo dos protestos.

“Como falávamos da exploração do homem pelo homem queríamos incluir a mitigação dos direitos sociais. Através dos patinhos você representa uma situação anterior na qual os direitos eram bem protegidos e a partir do momento em que uma nova ordem política toma o país você tem novas reformas que, na ótica da escola, tiram direitos sociais de uma parcela da população. A escola quis questionar se quem pediu essa mudança não é também vítima. Essa pessoa que foi para a rua não tem esses direitos cortados também?”, explicou Monteiro.

Desfile da Mangueira, que retratou o prefeito do Rio.ampliar foto
Desfile da Mangueira, que retratou o prefeito do Rio. LEO CORREA AP
As críticas explícitas da Paraíso do Tuiuti deixaram em silêncio os comentaristas da TV Globo, que transmite ao vivo os desfiles de Carnaval. Enquanto as alas anteriores eram explicadas em detalhes, a dos manifestoches recebeu um rápido e único comentário de «manipulados, fantoches», logo cortado para um «Jú, 120 [centímetros] de quadril», em referência à passista mostrada em seguida na imagem. Nas redes sociais, a escola foi louvada pela «coragem» das críticas. “No pré-Carnaval, quando foi divulgado o tema do enredo, já tivemos uma repercussão interessante, mas esta repercussão muito grande após o desfile nos surpreendeu. Estamos muito felizes”, destacou o diretor de Carnaval. Mas houve também quem, na Internet, considerasse o desfile um «desserviço» digno de rebaixamento.

Mais críticas
A Mangueira também trouxe, nesta primeira noite de desfiles do Grupo Especial carioca, uma crítica direta ao atual prefeito do Rio, Marcelo Crivella, que apareceu representado em um dos carros alegóricos como um boneco de Judas, do tipo que é malhado no Sábado de Aleluia. O boneco do político evangélico era acompanhado da frase: «Prefeito, pecado é não brincar o Carnaval». A escola fazia críticas ao corte, por parte da Prefeitura, da metade da verba destinada às escolas de samba e tinha como enredo «Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco». A Beija-Flor, que desfila na noite desta segunda, também trará um Carnaval político para a Sapucaí. Com o enredo Monstro é aquele que não sabe amar. Os filhos abandonados da pátria que os pariu deve abordar o descaso com crianças e adolescentes pobres, fazendo uma conexão com a corrupção. Em São Paulo, também houve crítica política, com a volta da X-9 Paulistana ao Grupo Especial, no sábado —o carro A Casa da Mãe Joana trouxe políticos, alguns com a faixa presidencial, e juízes representados sujos de lama e com malas de dinheiro e notas na cueca.

Leonardo Bruno, colunista do jornal Extra e jurado do Estandarte de Ouro, prêmio extraoficial do Carnaval do Rio, acredita que as escolas de samba nunca tiveram muito esse papel de serem tão criticas à sociedade, algo, para ele, mais incorporado pelo Carnaval de rua. «As escolas sempre tiveram uma característica diferente, tanto é que o samba enredo é considerado uma música de gênero épico, que narra os grandes acontecimentos, as grandes conquistas, as grandes realizações», destaca ele. «Agora, por outro lado, o que a gente observa é que nos momentos de maior convulsão, quando a sociedade está mais necessitada de dar um grito contra alguma coisa, elas aparecem representando esse papel de crítica social e política», acredita ele.

Ele destaca que isso foi visto em outros dois momentos na história das escolas. Um, na virada dos anos 60 para 70, auge da ditadura militar no Brasil. Três enredos marcantes, nesta ocasião, falavam sobre a liberdade. O primeiro, em 1967, quando a Salgueiro desfilou A história da liberdade no Brasil. Dois anos depois, em 1969, a Império Serrano falou sobre os Heróis da Liberdade. E, no Carnaval de 1972, a Vila Isabel levou o enredo Onde o Brasil aprendeu a liberdade. Era um momento em que a censura estava no auge e as escolas deram vazão a esse grito represado pela liberdade.

Em meados dos anos 80, destaca ele, a Caprichosos de Pilares e a São Clemente também falaram sobre o momento conturbado da abertura política no Brasil, quando o povo ainda não votava. Elas levaram para a avenida o grito de Direitas Já! e usavam faixas falando sobre a Constituinte. «Eram enredos muito críticos para a época», relembra Bruno. Houve também, em 1989, o célebre desfile da Beija-Flor, em que Joãosinho Trinta produziu um Cristo mendigo, para criticar a pobreza, mas a alegoria acabou proibida pela Justiça, a pedido da Igreja. Já no final da década de 90 e nos anos 2000, quando o país viveu mais estabilidade política e econômica, os enredos críticos foram mais deixados de lado, ressalta o jornalista. «Temos que pensar como sociedade em que momento estamos como país, porque as escolas refletem o que se passa nas ruas. Para essas críticas terem chegado à Sapucaí é porque o momento é de uma crise muito grande. As escolas de samba, em geral, são o último ponto onde chega essa voz crítica, elas resistem muito. É um momento de convulsão em todos os níveis de Governo.»

Publicado en El País

Los desfiles, políticamente críticos

La primera noche de carnaval en el sambódromo de Río de Janeiro fue atravesada por la realidad política de Brasil en el desfile de la escuela Paraíso de Tuiutí que eligió la consigna “una nueva esclavitud” para denunciar la reforma laboral impulsada por el presidente Michel Temer, representado como un “vampiro neoliberal”.

Más allá de las plumas, las lentejuelas y la sensualidad exacerbada, el considerado “espectáculo más grande de la tierra” encarnó también la protesta de una población exasperada por la violencia y por la corrupción.

Y aunque el carnaval se concibe como un paréntesis destinado a olvidar los problemas cotidianos, algunas escuelas de samba aprovecharon para mandar varios mensajes políticos.

El desfile fue transmitido en exclusivo por O Globo, cadena que respaldó el golpe institucional contra Dilma Rousseff, mientras Temer disfrutaba del fin de semana de carnaval lejos del sambódromo, recluido en la base de la Marina junto a 40 invitados. El poderoso bloque empresario industrial de San Pablo también recibió un mensaje con decenas de bailarines danzando como títeres vestidos con el representativo pato de goma amarillo.

La temática elegida para el desfile era un homenaje a Ley Aurea, que hace 130 años puso fin a tres siglos de esclavitud en Brasil, pero el recuerdo de aquellos esclavos se resignificó en las “formas modernas de esclavitud”, según el director artístico Jack Vasconcelos. Por ello, una de las carrozas fue coronada por una libreta de trabajo y a su alrededor decenas de bailarines lucían réplicas de la libreta destruidas en denuncia a la reforma laboral impuesta por el gobierno golpista.

Detrás de ellos, otra ala del bloque vestía como patos de goma amarillas, símbolo de la Federación de Industrias de San Pablo, y caminaban manejados como títeres por manos gigantes encima de ellos, mientras hacían sonar cacerolas. Esa sección hizo referencia a los cacerolazos de grandes proporciones de la población de clase media que respaldó a principios de 2016 el impeachment contra Dilma Rousseff.

El cierre del desfile quedó en manos del vampiro de Temer. La escola Paraíso do Tuiuti arremetió directamente contra la cumbre del Estado. “Soy un vampiro que representa al presidente de la república”, explicó Léo Morais, un profesor de historia de 39 años, con la cara pintada de blanco para encarnar la versión ultratumba de Michel Temer, enfrentado a graves acusaciones de corrupción. La protesta “es un camino que las ‘escolas’ retoman”, porque “tienen un papel social: reivindicar las voces de las personas más pobres”, dijo Morais.

La carroza de cuatro pisos, decorada por las manos de traje que manejaban a los títeres y otras manos con grilletes que realizaban el gesto de pedir limosna, tenía en la cima a un vampiro caracterizado como el mandatario Temer con la banda presidencial y un cuello de dólares.

Más de 30 mil asistentes cambiaron la alegría y el glamour del desfile del carnaval carioca por la protesta, mientras el propio Temer pasaba el fin de semana en la base de la Marina brasileña en Río junto a su familia y unos 40 invitados.

Publicado en Página12

La tradicional escuela de samba Beija-flor se coronó este miércoles ganadora del carnaval de Rio de Janeiro con un desfile contra la corrupción y la violencia en Brasil, en el que retrató a los políticos como ratas con maletines llenos de dinero.

La escuela, una de las más premiadas de los últimos años y campeona en 2015 con un polémico desfile de homenaje a Guinea Ecuatorial, se inspiró en la figura de Frankenstein -novela que cumple 200 años- para ilustrar el “monstruo” corrupto, abandonado e intolerante con el que comparó al país.

La escola de Nilópolis (suburbio norte de Rio) denunció con crudeza la ola violenta que vive Rio de Janeiro, mostrando incluso a niños en ataúdes, y tuvo como una de sus abanderadas contra la homofobia a la estrella drag queen Pabllo Vittar, en uno de los shows más críticos de un Sambódromo muy contestatario este año.

De hecho, la Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) premió con el segundo lugar a Paraiso de Tuiuti, cuyo desfile puso en duda que la esclavitud haya sido realmente abolida en Brasil y retrató al presidente conservador Michel Temer como un vampiro.

Se premió “la crítica de lo que ocurre en nuestro país, la desigualdad”, celebró el cantante Neguinho, un emblema de Beija-flor, en la ceremonia de entrega del trofeo en el Sambódromo, en la que los seguidores de la escuela vestidos de azul y blanco brincaban de alegría.

Grande Rio, que no consiguió llevar a la avenida uno de sus carros, e Imperio Serrano bajaron de categoría.

Las 13 escolas de samba fueron puntuadas por 36 jueces en base a nueve criterios muy precisos, que van del tema elegido a la calidad de los carros alegóricos, pasando por la samba seleccionada o la interpretación de la batería.

El año pasado ninguna escuela había sido rebajada debido a los graves accidentes que dejaron varios heridos y que acabaron causando la muerte de una periodista. Las ganadoras de 2017 fueron, ex aequo, Portela y Mocidade Independente.

Publicado en ATB

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