Medios Masivos, Género, Nueva Cultura y Políticas Culturales para el siglo XXI se debaten en Emergencias, el encuentro cultural que se desarrolla en Brasil

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“DEBATES DO EMERGÊNCIAS SÃO FUNDAMENTAIS PARA O FORTALECIMENTO DA DEMOCRACIA”

A deputada-federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) seria uma das convidadas para o segundo dia do Emergências, nesta terça-feira. Impossibilitada de participar do evento, enviou a seguinte carta, que foi lida durante a abertura das atividades do dia. Confira:

Bem vindos à Cidade Maravilhosa nestes seus 450 anos de vida! Para nós, fluminenses, anfitriões do Emergências – encontro global de arte, cultura, ativismo e política –, é um imenso prazer recebê-los! Brasileiros e parceiros de outras nações.

Foi com muita honra que recebi o convite para fazer parte desta verdadeira efusão de pensamentos, ações e reações. São debates que promovem a conscientização política, abraçam a diversidade, questionam nossa realidade, constroem pontes e propostas e, em consequência, são fundamentais para o fortalecimento da democracia.

O tumultuado contexto político me impediu, como líder de bancada, de estar presente nesta abertura. Represento o Partido Comunista do Brasil na Comissão Especial que analisa o processo de impeachment, encaminhado pelo presidente da Câmara contra a presidenta Dilma Rousseff. Mas faço questão de enviar esta saudação como forma de valorizar o encontro e, ao mesmo, tempo reforçar a sua importância.

Assistimos uma manobra em curso. Uma chantagem por alguém que não tem qualquer autoridade moral ou política para tentar destituir a presidente da República contra quem não há qualquer acusação. Na verdade, trata-se de um golpe à democracia. Um golpe contra os 54 milhões de brasileiros que decidiram nas urnas o governo que querem até 2018.

Por isso convido a todos presentes ao Emergências a se somarem nas redes e nas ruas às manifestações que clamam #NãoVaiTerGolpe! Esta é a#PrimaveraDasMulheres e dos meninos no poder. #ÉporDireitos! Não vamos aceitar o retrocesso e a ameaça de voltar aos tempos da ditadura, nem no Brasil, nem em nenhum outro país da América Latina! Lutar não é crime! Crime é a homofobia, o machismo, o racismo. É a impunidade para quem assassina com 111 tiros cinco jovens trabalhadores apenas por serem… negros!

A luta não é fácil. Nosso continente vive um delicado momento. O ano de 2015, que começou com a posse do Congresso mais conservador de todos os tempos, termina na resistência ao golpe e à onda reacionária. Uma resistência que tem várias frentes, todas essenciais.

Estou certa que os debates aqui travados reverberarão em benefício do coletivo. Em benefício de uma sociedade mais politizada, justa e capaz de enfrentar as tentativas golpistas com seriedade e lucidez. A cultura, a comunicação, a educação e a tecnologia são elementos estratégicos para que conquistemos vitórias!

#Emergência para aprovar a PEC da Cultura – que vai destinar 2% do orçamento da União para a Cultura no Brasil! Para aprovar o ProCultura e a Lei Griô, para redemocratizar a mídia!

#Emergência para garantir os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres e impedir o retrocesso do preconceito e discriminação!

#Emergência para reconhecer o amor como critério para estabelecer família!

#Emergência para impedir o auto de resistência e defender a vida dos jovens negros da periferia das grandes cidades!

#Emergência para rediscutir nossa política econômica!

# Emergência para impedir o golpe institucional!

#Emergência para nos unirmos em defesa do projeto democrático de governo, em curso desde a eleição do presidente Lula!

Para tanto, contem comigo! Com a cara e a coragem do povo brasileiro vamos seguir transformando a realidade e contribuindo para a integração latino-americana! Nesta vida temos que ter lado e eu escolhi o lado da luta! Vamos seguir espalhando amor e afeto para vencer o ódio! Nada poderá deter a nossa Primavera!

NAO VAI TER GOLPE!

FORA CUNHA!

Um forte abraço,

Jandira Feghali
Deputada federal


DEBATE TRAZ CRÍTICAS À VELHA MÍDIA E DESAFIOS DA EMERGENTE

Reunindo os mais variados ativistas da mídia livre presentes no Emergências, a roda de conversa intitulada “Provocações por uma Nova Mídia” lotou na manhã desta terça-feira (8) uma das salas da Fundição Progresso, no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro (RJ).

Mediada pela integrante do Coletivo Intervozes, Bia Barbosa, a roda contou com representações das experiências de comunicação e ativismo digital como o Adbuster, por Pedro Inoue; os Jornalistas Livres, por Laura Capligrione; o La Público, pelo boliviano Javier Badoni; o blog Maria Frô, por Conceição Oliveira; e as ilustrações politizadas do cartunista Vitor Teixeira. As experiências de construção de TVs fora do padrão comercial vieram de Holman Morris, ex-diretor da TV pública de Bogotá, Colômbia, e do argentino Aram Aharonian, um dos fundadores da Telesur. Falando a partir do olhar de quem hoje está no Ministério da Cultura (MinC), estavam o ministro da Cultura, Juca Ferreira, a secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural, Ivana Bentes, e o secretário do Audiovisual, Pola Ribeiro.

As críticas à comunicação hegemônica e a socialização de trabalhos alternativos a ela partiram de todos os lados. A blogueira Conceição Oliveira caracterizou a mídia no Brasil, um país de grandes latifúndios, como mais concentrada do que a própria terra. “Estamos falando de um grande negócio que não quer apenas ser o quarto poder, mas ser a própria agenda política do Brasil, escolhendo quem eleger, quem é criminalizado, quem cai ou não”, afirmou.

Com passagem por diversos veículos tradicionais da imprensa brasileira, a jornalista Laura Capriglione os criticou por abandonarem a técnica jornalista. “Está claro que eles vieram para a guerra. De uma maneira que não tem mais disfarce. A grande mídia tradicional já não está mais fingindo que é pluralista, apartidário e independente. Eles conseguiram colar essa marca de maneira muito forte ao longo dos anos. Mas, hoje, não disfarçam mais”, apontou.

A este raciocínio, o ativista da Adbuster, Pedro Inoue, agregou que as novas tecnologias da informação e da comunicação possibilitaram uma leitura mais crítica da realidade por parte da audiência. “Em alguns casos, quando a notícia chega pra gente, já vimos um post sobre aquilo, já vimos o acontecido, às vezes, ao vivo. E aí os veículos perdem credibilidade quando o público percebe manipulação”, refletiu, destacando que o desafio hoje é trabalhar em rede para dar potência a tanta informação e comunicadores emergentes fragmentados.

Um dos exemplos exitosos nesse sentido, citado em praticamente todas as falas da roda, foi a recente ocupação das escolas públicas de São Paulo. Diversos relatos louvaram a forma como os estudantes produziram sua própria comunicação e construíram pontes com outras redes que os ajudaram a aperfeiçoar e a viralizar na internet seus conteúdos. O trabalho dos Jornalistas Livres, por exemplo, que atualmente alcança oito milhões de pessoas via internet, permitiu o vazamento de um áudio onde o governo de São Paulo revelava sua tática de guerra para enfrentar as ocupações, de modo a jogar no descrédito todas as reportagens que vieram em seguida reproduzindo o discurso oficial.

“É hora de deixar de culpar os demais pelo estado dos meios de comunicação. Devemos nos perguntar o que estamos fazendo cada um de nós para mudar essa situação”, emendou o boliviano Javier Badoni.

O argentino Aram Aharoniane e o colombiano Holman Morris chamaram atenção para o desafio da comunicação alternativa inovarem em linguagens e formas. “Do que nos serve ter milhares de veículos novos se não temos conteúdo diferente para colocar? Temos que mudar paradigmas senão seguiremos culturalmente colonizados”, afirmou Aharoniane. “A TV privada vê o telespectador como um consumidor. A TV pública deve vê-lo como um cidadão”, exemplificou Morris.

O ministro da Cultura, Juca Ferreira, criticou a narrativa “do caos e do perigo absoluto” predominantes nos meios de comunicação, “vestindo a sociedade com um manto do pessimismo”, afirmou. Ele reforçou a importância de novas experiências de comunicação desenvolverem novas linguagens e uma noção de grade de programação, ao invés de mimetizar os veículos comerciais.

Uma nova oportunidade para isto serão os quatro canais que entrarão no ar através da multiprogramação possibilitada pela implementação da TV Digital no Brasil. São eles os canais da Cultura, da Educação, da Saúde e do poder executivo. Estes três últimos canais já vão ao ar a partir desta quarta-feira (9). Neste mês de dezembro começa a transmissão no Distrito Federal e, em janeiro do próximo ano, no Rio de Janeiro e São Paulo. Até o primeiro semestre de 2016, entrarão em funcionamento também em Belo Horizonte e Porto Alegre. A estreia do canal da Cultura está prevista para 2017.


 

DESCONSTRUIR O MACHISMO TAMBÉM É UMA EMERGÊNCIA!

Dando continuidade às atividades que tem o feminismo como tema principal, aconteceu na tarde deste segundo dia de Emergências, a roda “O Boom do Feminismo – Estamos indo Juntas pra onde?”, onde dezenas de mulheres se reuniram para colocar suas pautas e apresentar sua luta.

Mediada pela descendente indígena e militante Maria das Neves, as convidadas falaram sobre as necessidades mais urgentes do movimento feminista, sempre centradas na grande questão: PARA ONDE VAMOS? A roda teve início com a mestre em filosofia, blogueira e colunista da Carta Capital, Djamila Ribeiro, que enfatizou a importância de se trabalhar o feminismo negro. “Como pensar o Feminismo sem falar das mulheres negras?”, ressaltou. A militante disse ainda que é urgente que haja uma revisão narrativa com o objetivo de realizar uma recontagem da história. Djamila acrescentou que o feminismo negro luta por outro modelo de sociedade para que assim seja possível superar as opressões. Afirmou ainda que não existe uma primazia de opressões, por isso a importância de se pensar e atuar interseccionalmente. “Em um país como o nosso, raça, classe e gênero estão interligados”, completou.

A roda contou também com ativistas da América Latina que expuseram um breve panorama da luta pelos diretos das mulheres em seus países, incluindo os avanços e os retrocessos. Além do feminismo negro, pautas como a gordofobia, a luta política, mulheres guerrilheiras e o feminicídio fizeram parte da discussão.

O bate papo fluiu entre gritos de guerra e músicas que anunciavam que a “América Latina vai ser toda feminista” e “que vai ter mulher latino-americana em todos os lugares”. O momento foi finalizado com intervenções e performances, seguido de um espaço para as colocações da plateia. E antes de encerrar, elas lembraram que se depender das feministas brasileiras: #NãoVaiTerGolpe.

Evellyn Lima
Da Cobertura Colaborativa


MULHERES EMPODERADAS NO EMERGÊNCIAS

A luta que emergiu com força nas ruas do Brasil em 2015, por meio da Primavera das Mulheres, também ocupou a abertura do Emergências na tarde dessa segunda-feira (7), no Circo Voador, no Rio de Janeiro (RJ). Logo após a fala do ministro da Cultura, Juca Ferreira, na cerimônia de abertura, o palco foi tomado por 19 mulheres de diversas origens e matizes do feminismo, que, uma a uma, se apresentaram e expuseram suas lutas e os motivos por que vieram ao encontro.

Produtora da banda paulista Racionais MC’s e coordenadora do SOS Racismo, Elaine Dias ressaltou que, antes de qualquer coisa, é mulher negra, mãe e militante. Ela perguntou à plateia quantos conheciam jovens mortos à bala e emendou dizendo que é a luta pela vida na periferia que a move. “Eu preciso continuar trabalhando a cultura, tentando ser uma referência, para levar a cultura para a periferia e diminuir o genocídio da juventude negra”, destacou.

Já trabalhadora sexual e coeditora do site Mundo Invisível, Monique Prada, comemorou ser convidada para um espaço promovido pelo governo federal que não é organizado pelo Ministério da Saúde. “Porque até então, a questão de putas a gente tratava sempre lá”, alertou.

Idealizadora da campanha “Agora é que são Elas”, Manuela Mikklos destacou a importância de se construir “um novo normal”. Para ela, “várias coisas precisam deixar de ser normais”, como o medo de ser mulher e a violência cotidiana sofrida das mais variadas formas.

A blogueira progressista Maria Fro chamou atenção para a “guerra da comunicação”. Ela ressaltou que “99% dos ataques que a presidenta Dilma recebe são porque ela é mulher” e afirmou a importância de todos contribuírem com disputa das narrativas.

A mestre em Filosofia, blogueira e colunista da Carta Capital Djamila Ribeiro enfatizou a necessidade de se considerar a perspectiva do feminismo negro em todas as lutas sociais. “Somos nós que estamos ainda limpando privada de pessoas que querem fazer revolução em nosso nome”, criticou.

Finalizando, a secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (MinC), Ivana Bentes, afirmou que a luta das mulheres “precisa sair do gueto” e destacou que há movimentos muito interessantes ocorrendo no País nesse sentido, como  as meninas do funk brasileiro. “Tati Quebra Barraco dizendo que gosta de pagar motel pra homem, falando de posição sexual, isso é uma revolução de comportamento no Brasil. E veio da periferia, das mulheres negras e pobres. Ela é a nova Leila Diniz, ela e muitas outras, mas essa revolução não é vista, elas são as meninas vulgares, bregas, vadias”, exemplificou. A secretária concluiu puxando o público a entoar a frase de ordem “lugar de mulher é onde ela quiser”.

Ainda participaram deste ato feminista que abriu o Emergências outras 13 mulheres vindas de seis países, além do Brasil. O Chile foi representado por uma das principais MC´s da América Latina, Ana Tijoux, vencedora do Grammy Latino em 2014.

Da Argentina, estavam a fundadora da Rede Latinoamaricana de Juventude Vivendo com HIV, Mariana Iacono, e a representante da revista Garganta Poderosa, Daniela Merida. Do Uruguai, a integrante do movimento ProDerechos Victoria Verrastro.

Da Inglaterra, participou a produtora cultural, ativista e a ganhadora da placa de Artists Coalition do Conselho da Associação de Música Independente, Ruth Daniel. Outras participantes foram Maha Namo, nascida no Líbano, mas autodeclarada apátrida e defensora dos refugiados, e a dançarina afrourbana norte-americana Amy Sacada.

Do Brasil, também subiram ao palco a presidenta da TransRevoluação, Indianara Siqueira, a articuladora da campanha Amanhecer Contra a Redução, Daniela Orofino, a coordenadora da Agência de Redes para a Juventude, Ana Paula Lisboa, a presidenta da União Nacional dos Estudantes, Carina Vitral, a presidenta da União Brasileira de Estudantes Secundaristas, Camila Lanes, e a secretária de Educação de Minas Gerais, Macaé Evaristo.

Publicado en Sitio Web Emergencias

 

 

 

 

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