En busca del millón

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“Preciso desesperadamente de 1 milhão”, diz diretor do Museu Nacional

Alexander Kellner vai à Europa em busca de doações para ajudar na reconstrução da instituição

O diretor do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Alexander Kellner, realiza neste momento um giro pela Europa em busca de doações e apoio para ajudar na reconstrução da instituição brasileira, devastada por um incêndio em setembro do ano passado. Depois de passar pela Alemanha, Alexander Kellner chegou a Paris, onde vai se encontrar até a próxima segunda-feira 3 com autoridades da área cultural e com diretores dos principais museus da capital francesa.

Por coincidência, o giro europeu de Alexander Kellner em busca de apoio acontece justamente em um momento em que no Brasil foi revelado um corte de 11,9 milhões nas verbas para a reconstrução do Museu Nacional. A redução é resultado do bloqueio orçamentário, decidido pelo governo federal e representa mais de 21% dos 55 milhões decididos por uma emenda impositiva da Câmara dos Deputados destinados a reconstrução do Museu Nacional.

Na entrevista à RFI, o diretor da instituição lembra que nenhum centavo decidido por essa emenda parlamentar foi ainda liberado: “o que mais o preocupa em relação a essa verba é que saia a primeira parcela, depois eu discuto sobre aquilo que está sendo contingenciado.”

Estes 55 milhões são apenas uma pequena parte do necessário para recuperar o Museu Nacional: “Se alguém me perguntar quanto vai custar, confesso que ainda não sei. Tenho uma estimativa que gira em torno de 15% do que foi arrecadado para a Notre-Dame.” As promessas de doações para a reconstrução da Catedral de Paris, parcialmente destruída por um incêndio em abril, atingem 850 milhões de euros (quase 4 bilhões de reais).

Giro europeu

A Alemanha prometeu doar 1 milhão de euros para a reconstrução do museu e já liberou duas parcelas deste total. A primeira de 180 mil euros, para o salvamento de peças, e a segunda de 145 mil euros para solucionar questões de manutenção elétrica.

O giro europeu do diretor busca não só o apoio financeiro, mas também ajuda para reconstituir o acervo da instituição brasileira. O Museu Nacional, ressalta Kellner, “é um dos únicos no mundo que pode se definir como uma instituição com características mundiais, com coleções do Brasil e da América do Sul, mas também do Egito e de outros países europeus.”

Por isso, ele discute com as instituições alemãs e francesas um mecanismo para a doação de material original, mas salienta que não fala em “repatriação” de obras. Para Alexander Kellner, o Brasil tem que merecer essas novas coleções. “Nós só vamos merecê-las se conseguirmos construir um Palácio com as melhores normas de segurança. E eu temo que o nosso governo ainda não entendeu a importância do Museu Nacional.”

Reconstrução em andamento

O diretor relativiza a situação. Aponta que a reconstrução do Museu caminha bem. Ainda no governo Temer, a instituição recebeu 16 milhões de reais para a recomposição do Palácio e resgate das obras. Parte desta verba, 1,1 milhão, está sendo administrada pela Unesco para a realização de projetos de reestruturação interna do prédio e de recomposição da fachada e dos novos telhados

O grande problema é o dia-a-dia da instituição: “Corremos o sério risco de parar praticamente tudo o que a gente faz, desde a atividade científica. Preciso desesperadamente de 1 milhão”, alerta.

Perda do Museu foi maior que a da Notre-Dame

DIRETOR DIZ QUE PERDA DO MUSEU NACIONAL PARA O CONHECIMENTO DA HUMANIDADE SUPERA NOTRE-DAME (FOTO: TÂNIA RÊGO/AGÊNCIA BRASIL)

Alexander Kellner também vai aproveitar a vinda a Paris para visitar a catedral de Notre-Dame. “Também quero ver a Notre-Dame reconstruída, mas não me entendam mal, o que nós perdemos para o conhecimento da humanidade no Museu Nacional, infelizmente, é superior ao que se perdeu na Notre-Dame”, compara.

O diretor aproveita a entrevista à RFI para pedir a todos doações ao Museu, mesmo de valores pequenos, e garante transparência no site dedicado à arrecadação. Ele também convida a população carioca para um evento nos próximos dia 8 e 9 de junho que culminará com um abraço no Museu Nacional.

Carta Capital

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