Brasil: 17ª Fiesta Literaria Internacional de Paraty

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Programação da Flip movimenta a cidade de Paraty

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Em sua 17ª edição, a Feira Literária Internacional de Paraty (Flip) traz uma extensa programação que segue até o próximo dia 14. Entre as instituições que participam da feira este ano está o Museu da Língua Portuguesa, que foi atingido por um incêndio e passa por reconstrução. Em Paraty, o museu promoverá o primeiro ‘Flip Slam’, ou batalha de poesia falada, com convidados de seis países (Cabo Verde, Portugal, Brasil, Inglaterra, Estados Unidos e Espanha). O ‘Flip Slam’ acontecerá no dia 12 de julho. Com curadoria de Roberta Estrela D’Alva, uma das pioneiras do movimento slam no Brasil, a batalha de poesia internacional será realizada no Auditório da Praça.

Já o slam da Língua Portuguesa reunirá artistas nacionais na Casa da Cultura de Paraty, com microfone aberto ao público. A apresentação é de Emerson Alcalde, do Slam da Guilhermina, de São Paulo. O Museu da Língua Portuguesa também apresenta uma mesa literária, no dia 11, com o escritor e músico angolano Kalaf Epalanga e com o rapper e romancista Gaël Faye, natural do Burundi e criado na França.

Literatura e música

Na exposição interativa “A Energia da Língua Portuguesa”, na Praça Aberta, os visitantes conhecerão expressões típicas do idioma português e peculiaridades da língua nos países onde ela é falada. O público poderá participar ainda de gincanas, entre outras atrações.

Museu do Ipiranga

O Salão Nobre da Casa de Cultura de Paraty vai abrigar uma exposição com imagens históricas que mostram o início da construção do Museu Ipiranga, em 1885, e a modificação do espaço urbano ao redor do prédio ao longo dos séculos. No local, acontece no dia 12, às 10h30, a mesa literária “D. Pedro I – O Coração do Rei”, com a historiadora e jornalista Iza Salles e a historiadora e museóloga Vera Tostes.

No sábado (13), às 10h30, o Salão Nobre sediará debate sobre a história da construção do Museu do Ipiranga e as intervenções que serão feitas para sua recuperação, a partir de setembro deste ano. Na mesa, a diretora do Museu, Solange Ferraz de Lima, e Pablo Hereñú, arquiteto responsável pelo projeto de restauração do edifício monumento.

Música e poesia luso-brasileira

O palco instalado em frente à exposição “A Energia da Língua Portuguesa” receberá a cantora e compositora Adriana Calcanhotto no dia 11, às 22h30. No dia 12, será a vez do artista português Dino d’Santiago, vencedor este ano do Play – Prêmios da Música Portuguesa, nas categorias Melhor Artista Solo, Melhor Álbum (Mundo Nôbu) e Prêmio da Crítica. A apresentação está programada para começar às 23h50 e terá participação do músico angolano Kalaf Epalanga.

No sábado (13), às 14h15, será a vez de o rapper Vinicius Terra. Professor de português e literatura, o artista é considerado pioneiro na cultura hip-hop por buscar o fortalecimento dos laços entre os países de língua portuguesa.

Paraty (RJ) - O músico Mestre Pé apresenta o show Pé de palavra, na Flipinha, para crianças (Tomaz Silva/Agência Brasil)
Foto de edição anterior da Flip (Tomaz Silva/Arquivo/Agência Brasil) – Tomaz Silva/Agência Brasil

 

Gastronomia

A Flip não é somente um evento literário. Para o dia 12, às 12h, está programado, no Salão Nobre da Casa de Cultura, um showcooking com o chef português Miguel Laffan, vencedor de uma estrela Michelin, e Ana Bueno, chef do restaurante Banana da Terra, de Paraty. Eles vão preparar juntos uma receita que vai reproduzir as técnicas de sabores da culinária portuguesa de séculos passados.

Sesc na Flip

Cerca de 100 atrações estão previstas para o espaço do Serviço Social do Comércio (Sesc) na Flip 2019. Exposições, oficinas, bate-papos, cafés literários, lançamentos de livros, cinema, música e intervenções artísticas ocorrerão em quatro espaços fixos: unidade Santa Rita, na Casa Edições Sesc, unidade Caborê e espaço do Areal do Pontal. Todas as atividades são abertas e gratuitas.

Haverá shows musicais com os cantores Chico Cesar; Cátia de França; e Dandara Manoela, que apresentará o álbum Retrato Falado e a Orquestra Mundana, formada por músicos brasileiros, imigrantes e refugiados.

Para crianças

Para o público infantil, estão previstas brincadeiras e leitura no espaço «Ler e brincar é só começar», na unidade Santa Rita, durante os quatro dias da Flip. No Sesc Areal do Pontal, o bate-papo “Criança escrevendo para crianças” contará com a presença da escritora amazonense Beatriz Guimarães Menezes, de 18 anos, cujo primeiro livro foi publicado aos 8 anos. Haverá, ainda, contação de histórias, intervenções poéticas, performances circenses e apresentações artísticas.

Record e autores

O Grupo Editorial Record leva à cidade de Paraty quase vinte autores, dos quais quatro participam da programação oficial da Flip: as jornalistas Cristina Serra e Marilene Felinto; o crítico de cinema Ismail Xavier e o historiador José Murilo de Carvalho. Monica Benício, companheira da vereadora Marielle Franco, morta há mais de um ano no Rio de Janeiro, junto com seu motorista Anderson Gomes, participará de mesa literária sobre Euclides da Cunha na Casa Libre & Sta. Rita de Cássia, no dia 12, às 18h30, ao lado do biógrafo Mário Magalhães.

Outro escritor que se dedica à temática do sertão brasileiro, Graciliano Ramos, será o foco do debate programado para sexta-feira (12), às 15h, do qual participarão seu neto, o também escritor Ricardo Ramos Filho, e o biógrafo Mário Magalhães.

Brejeiras

Lançada em abril do ano passado, a Revista Brejeiras é escrita por cinco mulheres lésbicas (Camila Marins, Cristiane Furtado, Laila Maria, Luísa Tapajós e Roberta Cassiano) e se destina a igual público. Durante a Flip, as editoras são as convidadas da Casa Philos, onde promoverão o lançamento da quarta edição da revista.

Independentes

Com o espírito de colaboratividade, os espaços Casa Libre e Santa Rita da Cassia se uniram para participar da 17ª edição da Flip e prometem atrair, além de escritores, muitos leitores, com a meta de destacar iniciativas que incentivam a leitura.

“Queremos também reforçar a bandeira da bibliodiversidade, outra marca dessa parceria com a produtora cultural Cassia Carrenho”, disse a presidente da Liga Brasileira de Editoras (Libre), Raquel Menezes. Ela entende que a união das duas casas traz uma oportunidade de mostrar, de forma prática, que por meio da colaboratividade é possível fazer muita coisa dentro do mercado editorial e com um objetivo único de garantir acesso à leitura.

No dia 10, a Casa Libre e Santa Rita da Cassia vão desenvolver uma programação voltada exclusivamente para os professores. Nesse mesmo dia, entre outras atrações, haverá o workshop “Bibliotecas transformadoras”, conduzido por Renata Costa, secretária-executiva do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL).

Na sexta-feira (12), o destaque será a tecnologia. A “Tarde Digital”, em parceria com Árvore de Livros, Bibliomundi, Bookwire e Storytel, vai debater como usar o conteúdo digital para transformar pessoas em leitores.

Agencia Brasil


Flip leva mais de 600 atividades culturais a Paraty até domingo

A 17ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip, começa no fim desta quarta-feira 10 com uma agenda abarrotada de atividades culturais e artísticas. O charme das ruas de paralelepípedo do litoral carioca evoca, neste ano, o autor Euclides da Cunha como o grande homenageado, e abre mais espaços a escritoras mulheres e temáticas identitárias na programação paralela – que acontecem, agora, no mais novo Patrimônio Mundial da Humanidade, segundo declarado pela Unesco em junho.

É a obra-prima de Euclides, Os Sertões, que encabeça uma parte da programação oficial da Festa. Na abertura, a especialista Walnice Nogueira Galvão chega às 20h da quarta-feira 10, no Auditório da Matriz, para destrinchar um pouco do homem, do jornalista e do autor que viveu e reportou a Guerra de Canudos. Na época, Euclides da Cunha era correspondente do O Estado de S. Paulo e fora enviado para traçar um retrato de dissidentes rebeldes e fanáticos religiosos comandados por Antônio Conselheiro. Encontrou muito mais.

Das 20h às 22h, a atriz e diretora Camila Mota traz a apresentação “Mutação de Apoteose”, idealizada a partir das canções compostas para montagens de ‘Os Sertões’ no começo dos anos 2000. A peça é idealizada também pela Universidade Antropófaga e conta com a participação de crianças e jovens de Paraty.

Não é só dos programas principais, porém, que sobrevive a Flip. Na realidade, é a agenda paralela que engrossa e dá mais vida às temáticas, e é ela que se consolida mais a cada ano como um evento à parte. Já pela manhã do dia 10, a obra Os Sertões será discutida a partir das bordagens do grupo Teia de Aranha, na Biblioteca Comunitária Casa Azul. Os mapas traçam um paralelo com os idealizados para Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa, e contam, desta vez, a história do sertão descrito por Euclides da Cunha.

Ainda no underground, a Flipinha, dedicada às crianças, distribui experiências literárias e artísticas com foco no público em formação, mas também somam discussões politizadas para os pequenos – como a roda de conversa “Constituição é assunto de criança, sim!”, que acontece na Central Flipinha, também no dia 10.

Entre as apostas com discussões que vão de Lava Jato, passando por Franz Kafka (não cafta) a narrativas de mulheres negras, está a Flipei – Festa Literária Pirata das Editoras Independentes. Glenn Greenwald, Christian Dunker, Erica Malunguinho, Anielle Franco e outros se reúnem, todos os dias, na embarcação ‘clandestina’ para discutir o que faz pulsar a política atual, que abrange outros espaços além do Congresso Nacional.

Uma Flip para todos

Comumente criticada em anos anteriores pela baixa pluralidade de vozes, que eram majoritariamente masculinas, acadêmicas e brancas, a Flip vem mudando a roupagem do evento para agregar mais mulheres, pessoas negras e representantes de etnias indígenas.

Bianca Santana, autora do livro “Quando me descobri negra”, doutora em Comunicação e uma das convidadas da mesa “Vozes insurgentes: mulheres negras na produção de conhecimento”, que acontece às 17h da sexta-feira 12 na Flipei, afirma que ainda existem muitas mulheres de grande relevância que acabam esquecidas pela história – e pelas curadorias, consequentemente.

“Carolina Maria de Jesus foi arrebatadora em número de vendas, em quantidade de traduções. Ela ficou muito conhecida naquele período [depois do lançamento de Quarto de Despejo, maior sucesso da autora]. O que acontece para que, em determinados momentos, uma ou outra surja com força e seja esquecida?”, questiona Santana.

A escritora, que organizou uma coletânea de textos feitos por mulheres negras que tratam do processo de escrever a própria história – e que inspirou a temática da mesa em questão -, afirmou que, como uma primeira mulher negra homenageada pela programação original, indicaria Conceição Evaristo ou Maria Firmino dos Reis.

Martha Lopes, jornalista, escritora e co-fundadora do #KDMulheres, uma iniciativa pela maior presença feminina na literatura, afirma que o cenário vem mudando, principalmente, pelas novas prioridades da curadoria – neste ano à encargo da jornalista Fernanda Diamant.

“Quando a gente falou disso em 2014, a discussão começava a chegar no Brasil. Inicialmente, no meio editorial, a gente recebeu muitos questionamentos – como se a curadoria não precisasse ser política”, afirmou.

Para Lopes, a Flip é um reflexo de uma cadeia de eventos que silenciam determinados grupos desde a escrita, passando pela cobertura de imprensa e pelos esteriótipos do mercado, como uma “literatura feminina”, por exemplo.

Para romper com tais roupagens, a jornalista recomenda a mesa “Bom Conselho”, às 12h da sexta-feira 11, que contará com a escritora norte-americana Kristen Roupenian e a canadense Sheila Reit falando sobre representações na escrita – uma escreve com estilo mais escatológico e macabro, e a outra é uma mulher que não quer ser mãe falando sobre a maternidade. Também indica a “Vila Nova da Rainha”, do domingo 14, com a cordelista pernambucana Jarid Arraes e a filha de cubanos Carmen Maria Machado, falando sobre tradições (e não tradições) na escrita.

A Flip e suas programações paralelas acontecem dos dias 10 a 14 de julho, na cidade de Paraty, Rio de Janeiro. A programação completa pode ser conferida no site oficial do evento, assim como ingressos para as mesas do circuito principal – que também tem transmissão gratuita, por meio de telão, na Praça da Matriz, localizada no Centro Histórico.

Carta Capital


Ver programa completo aquí

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