Cartas a Lula

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Líneas de lucha – Cartas al presidente Lula

El 7 de abril de 2018, tras un proceso judicial disputado, acelerado y realizado en medio de una campaña presidencial en la que era apuntado como vencedor, el ex presidente de Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), fue arrestado y conducido a la sede de la Policía Federal en Curitiba, en el sur del país. Su encarcelamiento, transmitido en vivo por los canales de televisión, despertó gran conmoción popular. Miles de partidarios lo siguieron hasta las puertas de la prisión y allí montaron un campamento que permanece hasta los días de hoy, en vigilia, un año después de la detención de Lula. Miles de otros le hicieron llegar a él, por correo, testimonios de su tristeza, su indignación, su solidaridad, que se profundizaron aún más cuando el 31 de agosto, el Tribunal Superior Electoral (TSE) rechazó la solicitud de registro de candidatura del ex presidente Lula a la presidencia de la República y le prohibió de participar en la campaña electoral transmitida por radio y televisión. Pero la persecución política y jurídica que resultó en la prisión de Lula y en el impedimento a su candidatura no calló los gritos de «Olê, Olê, Olê, Hola, Lula, Lula», al que se sumó un nuevo grito, una nueva consigna : «Lula Libre».

«De un hijo PROUNI para usted, un padre que no tuve.»

En los meses siguientes, el flujo de cartas no cesó: hasta ahora 15.000 cartas de todos los tamaños y estilos, a veces acompañadas de fotos, dibujos y objetos cotidianos o religiosos, fueron enviadas a la sede de la Policía Federal de Paraná, al Instituto Lula o al Instituto, a la sede del Partido de los Trabajadores, para que sean entregadas al ex presidente Lula.

Esta correspondencia es un documento valioso que todos los ciudadanos del mundo interesados ​​por la tragedia brasileña deben conocer.

Ella es la voz de un Brasil que no oímos. Gran parte de los autores, de hecho, son parte de la población que no deja archivos, no transmite su visión del mundo a través de los grandes medios, cuyas narrativas tienden a no ser aquellas a partir de las cuales la historia es escrita. Gente humilde, trabajadores de la tierra, habitantes de las periferias, personas comunes. Personas recientemente alfabetizadas, o que recurrieron a los servicios de un escritor público. Pero también profesores, asistentes sociales, ingenieros, médicos, que viven en grandes ciudades o en rincones remotos del interior del país. Su discurso espontáneo es y será para los futuros historiadores una oportunidad única para hacer la «historia vista de abajo» (E.P. Thompson) o «a contrapelo» (Walter Benjamin), y no la historia desde el punto de vista de las élites, que muchas veces las fuentes documentales tradicionales nos empujan a escribir.

«Esta carta contiene perfume y el contorno de la palma de mi mano.»

Estas «cartas de la prisión» son muy singulares en el conjunto de las correspondencias enviadas a las personalidades políticas, porque no piden nada. En ellas los remitentes ofrecen su solidaridad, su reconocimiento y, muchas veces, historias de vida conmovedoras, a un hombre encarcelado por razones políticas. Ellas describen el impacto concreto que las políticas públicas implementadas durante los gobiernos del Partido de los Trabajadores (Bolsa-Familia, Luz para Todos, Prouni, etc.) tuvieron, no sólo en el cotidiano popular, sino también en los horizontes sociales, en las esperanzas y en la dignidad de las fracciones más desfavorecidas de la población.

Finalmente, mientras en los últimos años muchos puntos del Occidente parecen marcados por la crisis de confianza en los sistemas democráticos, esas cartas expresan una relación con la política que no es de desencanto. En ellas los escándalos de corrupción que asolan el escenario público brasileño no eliminaron las denuncias de desigualdades y violencia social que caracterizan a la sociedad brasileña. Ellas no hacen tábula rasa de la memoria de décadas de lucha por los derechos a la existencia de los más miserables, ni del derecho de ser representado, en un país donde el poder está históricamente concentrado en manos de los más ricos, blancos y poderosos.

«los programas de sus dos gobiernos devolvieron a “mis niños” de la periferia la voluntad de estudiar y convertirse en “doctor”.»

Nuestra selección es una gota de agua en el océano de correspondencia enviada al ex presidente Lula y será enriquecida regularmente. Para garantizar la seguridad de sus autores, dado que densas nubes pesan sobre la democracia brasileña y la diversidad de opiniones ya no es respetada por muchos, optamos por dejar em el anonimato a los autores de todos los documentos.

Las cartas, traducidas al inglés, francés, español e italiano, están destinadas a la lectura de cualquier persona en el mundo que esté en busca de otros puntos de vista sobre la tragedia que Brasil vive actualmente. Ellas son la voz viva de sectores de un pueblo para quien los derechos humanos, la lucha social, el acceso de los más humildes a los lugares de poder no son ni palabras vacías ni las causas de los problemas del país, sino su solución.

Ver todas las cartas

Linhas de Luta (versión original en español)


Linhas de luta – Cartas ao presidente Lula

Em 7 de abril de 2018, após um processo judicial contestado, acelerado e realizado em meio a uma campanha presidencial em que era apontado como vencedor, o ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) foi preso e levado para a sede da Polícia Federal em Curitiba, no sul do país. Seu encarceramento, transmitido ao vivo pelos canais de televisão, despertou grande comoção popular. Milhares de partidários o seguiram até os portões da prisão e lá montaram um acampamento que permanece até os dias de hoje, em vigília, um ano depois da prisão de Lula. Milhares de outros fizeram chegar até ele, por correio, testemunhos de sua tristeza, sua indignação, sua solidariedade que se aprofundaram ainda mais quando em 31 de agosto, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou o pedido de registro de candidatura do ex-presidente Lula à presidência da República e o proibiu de participar da campanha eleitoral transmitida por rádio e televisão. Mas a perseguição política e jurídica que resultou na prisão de Lula e no impedimento à sua candidatura não calou os gritos de “Olê, Olê, Olê, Olá, Lula, Lula”, ao qual se somou um novo brado, uma nova palavra de ordem: “Lula Livre”.

«De um filho PROUNI para vc, um pai que não tive.»

Nos meses seguintes, o fluxo de cartas não cessou: até agora 15.000 cartas de todos os tamanhos e estilos, às vezes acompanhadas de fotos, desenhos e objetos cotidianos ou religiosos, foram enviadas para a sede da Polícia Federal do Paraná, ao Instituto Lula ou à sede do Partido dos Trabalhadores, para que sejam entregues ao ex-presidente Lula.

Essa correspondência é um documento valioso que todos os cidadãos do mundo interessados pela tragédia brasileira devem conhecer.

Eles são a voz de um Brasil que não ouvimos. Grande parte dos autores é de fato parte da população que não deixa arquivos, não transmite sua visão de mundo através da grande mídia, cujas narrativas tendem a não ser aquelas a partir das quais a história é escrita . Gente humilde, trabalhadores da terra, habitantes das periferias, pessoas comuns. Pessoas recentemente alfabetizadas, ou que recorreram aos serviços de um escritor público. Mas também professores, assistentes sociais, engenheiros, médicos, que vivem em grandes cidades ou em recantos remotos do interior do país. Sua fala espontânea é e será para os futuros historiadores uma oportunidade única para fazer a «história vista de baixo» (E. P. Thompson) ou «a contrapelo» (Walter Benjamin), e não a história do ponto de vista das elites, que muitas vezes as fontes documentais tradicionais nos impelem a escrever.

«Esta carta contem perfume e o contorno da minha mão.»

Essas «cartas da prisão» são muito singulares no conjunto das correspondências enviadas às personalidades políticas, porque não pedem nada. Nelas os remetentes oferecem sua solidariedade, seu reconhecimento e, muitas vezes, histórias de vida comoventes, a um homem aprisionado por razões políticas. Elas descrevem o impacto concreto que as políticas públicas implementadas durante os governos do Partido dos Trabalhadores (Bolsa-Família, Luz para Todos, Prouni, etc.) tiveram, não apenas no cotidiano popular, mas também nos horizontes sociais, nas esperanças e na dignidade das camadas mais desfavorecidas da população.

Finalmente, enquanto nos últimos anos todos os lugares do Ocidente parecem marcados pela crise de confiança nos sistemas democráticos, essas cartas expressam uma relação com a política que não é de desencanto. Nelas os escândalos de corrupção que assolam o cenário público brasileiro não eliminaram as denúncias de desigualdades e violência social que caracterizam a sociedade brasileira. Elas não fazem tábula rasa da memória de décadas de luta pelos direitos à existência dos mais miseráveis, nem do direito de ser representado, em um país onde o poder é historicamente concentrado nas mãos dos mais ricos, brancos e poderosos.

«Os programas dos seus dois governos devolveram aos ‘meus meninos’ da periferia a vontade de estudar e se tornar doutor»

Nossa seleção é uma gota d’água no oceano de correspondência enviada ao ex-presidente Lula e será enriquecida regularmente. Para garantir a segurança de seus autores, enquanto densas nuvens pesam sobre a democracia brasileira e a diversidade de opiniões não é mais respeitada por muitos, optamos por anonimizar todos os documentos.

As cartas, traduzidas para o inglês, francês, espanhol e italiano, são destinadas à leitura de qualquer pessoa no mundo que esteja em busca de outros pontos de vista sobre a tragédia que o Brasil vive atualmente. Elas são a voz viva de setores de um povo para quem os direitos humanos, a luta social, o acesso dos mais humildes aos lugares de poder não são nem palavras vazias nem as causas dos problemas do país, mas sua solução.

Ver todas as cartas

Linhas de Luta (versión original en portugués)

 

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